quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Cultura tradicional–Bunraku

O Bunraku é o tradicional teatro de bonecos do Japão. Originário de uma arte plebéia, ele se desenvolveu, principalmente, durante o período Edo (1600 a 1868).

O termo Bunraku é relativamente recente. Dentre muitos estilos de teatros de bonecos surgidos no período Edo, apenas o estilo conhecido como Bunraku-za, organizado no começo do século 19 por Uemura Banrakuken em Osaka, sobreviveu comercialmente no Japão moderno, foi nessa época que a palavra Bunraku ganhou o significado de “teatro profissional de bonecos”.

O termo mais preciso que denota essa arte, “ningyo joruri”, corresponde aos elementos componentes do teatro: “ningyo ”significa bonecos e o “joruri”, ao estilo de narrativa dramática e a arte de recitá-lo acompanhado pelo shamisen (instrumento japonês). Historicamente, as duas artes eram independentes, e a sua junção deu origem ao Bunraku.

O teatro Bunraku apresenta tanto os dramas sérios, como os de entretenimento em seus roteiros belamente coreografados para um sensível público adulto. A performance é composta por quatro elementos: os bonecos, os operadores do boneco, o recitador (tayu) e o acompanhamento musical de instrumentos de corda (shamisen). Os bonecos atuam conforme o desenrolar do conto e o acompanhamento musical faz com que ele produza um efeito combinado semelhante à apresentação de uma ópera.

O Boneco

Os bonecos utilizados no Bunraku medem cerca de 0,9m a 1,37m de altura, e são feitos de madeira de modo que cada parte do seu corpo possa ter movimentos independentes.

A complexidade dessa arte se deve ao fato dos bonecos não serem operados por fios, como no teatro de marionetes, mas sim por três operadores que necessitam trabalhar em harmonia a fim de que se possa criar um “timing” exato para cada movimento. A divisão de tarefas se divide da seguinte forma:
• O operador principal, o Omozukai, manipula os mecanismos de movimento dos olhos, sombrancelhas, boca com o seu braço esquerdo e da cabeça, com o direito.
• O primeiro assistente, o Hidarizukai, opera os braços
• O segundo assistente, o Ashizukai, opera as pernas e realiza as batidas dos pés a fim de marcar o ritmo do shamisen e realçar os efeitos sonoros.

Normalmente, todos os operadores se vestem de preto, sendo que os operadores assitentes utilizam um capuz negro a fim de se tornarem “invisíveis”aos olhos da platéia.

Uma particularidade das bonecas que fazem o papel feminino é que elas não possuem pernas. Para simular o movimento dos membros inferiores, o manipulador movimenta a bainha do kimono.

O Recitador e a Música

O “joruri” é uma narrativa com acompanhamento musical. O seu recitador (Tayu) é considerado um artista de grande versatilidade, pois ele sozinho é capaz de desenvolver as falas de diversos personagens em diferentes formas para que o público possa distinguir a voz masculina da feminina, um jovem e de um ancião e do bem e do mal; para tanto o recitador se utiliza de tons que variam de um grave sonoro chegando até um alto falsete.

A narrativa do texto dramático é embalada por uma melodia profunda do shamisen (instrumento de corda). Pode-se dizer que nessa arte, a música não é apenas um acompanhamento para a narrativa, pois é ela que dita o passo e a velocidade da apresentação, já que em nenhum momento os operadores de bonecos, o recitador e o instrumentista se entreolham.
Fonte: Consulado do Japão

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