terça-feira, 22 de outubro de 2013

Após reformas, Pavilhão Japonês reabre ao público

Fechado desde maio de 2012, o Pavilhão Japonês do Parque do Ibirapuera, após as obras de restauro em suas instalações de madeira e descupinização, reabre ao público no próximo dia 25 de outubro.Após reformas, Pavilhão Japonês reabre ao público

A Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social - Bunkyo por meio da Comissão de Administração do Pavilhão Japonês, em conjunto com a Secretaria do Verde e Meio Ambiente e Administração do Parque do Ibirapuera, realizam no próximo dia 25 de outubro, às 10h, uma das mais significativas cerimônias dos últimos anos de atividades.

Autoridades e público em geral estão sendo convidados para prestigiar o evento de reabertura das instalações do Pavilhão Japonês, bem como o descerramento da placa de agradecimentos ao diretor-presidente da Nakashima Komuten do Japão, Norio Nakashima.

Esta foi uma das formas adotadas para marcar o término das obras de restauro e descupinização de sua estrutura e oficializar a reabertura à visitação do público em geral.

Prestes a completar 60 anos de construção, este monumento foi doado pelo governo japonês à cidade de São Paulo em comemoração ao seu 4º Centenário, em 1954, e é administrado pelo Bunkyo desde 1955. Desde 28 de maio de 2012, ele se tornou uma das maiores prioridades da entidade.

Esta instalação no Parque do Ibirapuera é um dos raros pavilhões, fora do Japão, a manter suas características originais em perfeito estado de conservação. O outro se localiza nos Estados Unidos e é conhecido como “Shofuso” – Solar do Pinheiro e do Vento, construído, também em 1954, para abrigar uma exposição no MOMA – Museu de Arte Moderna de Nova York (que teve como incentivador John Rockfeller III, então presidente da Sociedade Japonesa de Nova Iorque) e atualmente está instalado no Fairmount Park, em Filadélfia.

Desde maio de 2012, o Pavilhão Japonês do Ibirapuera começou a apresentar indícios da presença de cupim e de desgaste de algumas partes do madeiramento, principalmente nos pilares próximos ao lago das carpas coloridas.

A Comissão de Administração do Pavilhão Japonês e a Diretoria do Bunkyo, em conjunto com a Administração do Parque do Ibirapuera na gestão do ex-diretor Heraldo Guiaro, providenciaram uma série de estudos por meio de empresas especializadas para o diagnóstico da situação e orçamento das possíveis obras.

Entretanto, nesse meio tempo, foi determinado pela Secretaria do Verde e Meio Ambiente, por meio de ofício, o fechamento do Pavilhão Japonês para visitação pública por medida da segurança, “em vista ao estágio de deterioração das estruturas” relatado no laudo técnico emitido por especialistas brasileiros em madeiras nativas.

Iniciava, pois, um intensivo trabalho onde os obstáculos e uma série de impasses foram solucionados ao longo de quase um ano e meio.

Em busca de uma alternativa viável
A conjunção, tanto do Bunkyo quanto da Prefeitura Municipal, entre a insuficiência de recursos financeiros e insegurança quanto às soluções propostas pelas empresas brasileiras contatadas foi responsável pela indefinição das obras de reforma.

Em 1954, para a construção do Pavilhão Japonês, cujo projeto foi assinado pelo famoso arquiteto japonês Sutêmi Horiguchi, todo o material foi trazido diretamente do Japão. Além disso, toda a construção foi montada estritamente conforme os preceitos tradicionais da autêntica arquitetura japonesa. Como interferir nessas instalações sem colocar em risco a autenticidade desse monumento histórico?

O vereador Aurélio Nomura, desde os primeiros momentos, deu apoio nas negociações junto às autoridades municipais. No último trimestre do ano passado, vislumbrou-se a possibilidade de aprovação de uma verba de R$ 500 mil, suficiente para cobrir as despesas das obras, por meio de emenda parlamentar. No entanto, essa alternativa foi inviabilizada diante da manifestação das empresas contatadas de que seria impossível concluir toda a obra antes do fim do ano, condição sine qua non para a liberação da verba. Acrescentem-se também as dificuldades relacionadas aos trâmites burocráticos e às mudanças decorrentes das eleições municipais.

Se por aqui as coisas estavam difíceis, porque não voltar à origem e recorrer às soluções bem sucedidas do passado? Assim, passou-se a analisar alternativas de trazer especialistas do Japão, cientes de que estes seriam os mais indicados para uma reforma condizente em vista do conhecimento das técnicas construtivas tradicionais e do material empregado originalmente.

E foi então que, com essa proposta, entrou-se em contato com Sadao Onishi, ex-presidente da Comissão de Administração do Pavilhão Japonês e seu atual conselheiro. Prestativo, rapidamente ele entrou em contato com seu compatriota, Norio Nakashima, propiciando, para alívio de todos, perspectivas de solução no curto prazo.

Guardião histórico do Pavilhão
No dia 13 de março de 2013, Norio Nakashima desembarcava em São Paulo disposto a iniciar o trabalho de restauro do Pavilhão Japonês que, com suas pilastras de apoio desgastadas e com a infestação dos cupins, poderiam sucumbir a qualquer momento – assim era a avaliação e a interpretação geradas pelo laudo.

Norio Nakashima, 69 anos, é proprietário da empresa Nakashima Komuten, fundada pela família, com longa tradição na construção e restauração de madeira (casas, pontes, palcos, templos, entre outros), sediada na província de Gifu, na cidade de Nakatsugawa (cidade-irmã de Registro).

Apaixonado pelo Brasil, Nakashima cultiva inúmeras amizades, principalmente com os compatriotas de Gifu. E, por conta desse relacionamento que, em 1988, ano em que se comemorou os 80 anos da imigração japonesa no Brasil, ele fez sua primeira intervenção no Pavilhão Japonês.

Desembarcou no país trazendo seus funcionários e material para uma limpeza completa e revisão das instalações. Tudo voluntariamente, como aconteceria das vezes seguintes.

Dez anos depois, em 1998, novamente esteve no Pavilhão, ocasião em que Onishi exercia a presidência da Comissão de Administração. Desta vez, trouxe funcionários e material para substituir todo o telhado que já apresentava uma série de problemas, 44 anos após sua construção.

“Essas construções tradicionais são feitas para durar séculos, mas naqueles anos do pós-guerra, quando foi construído o Pavilhão, a indústria japonesa ainda apresentava uma série de dificuldades de produção e controle de qualidade e, portanto, foi preciso substituir todo o telhado”, justificou.

Agora, 15 anos depois dessa grande obra, não poderia deixar de atender ao novo chamado. No mesmo dia da chegada, acompanhado do amigo Onishi, e dos membros da Comissão do Pavilhão e secretaria, fez sua primeira visita.

Nos dias seguintes, também esteve no local para confirmar seu primeiro diagnóstico: “Nada de grave com o Pavilhão. Ele não vai desmoronar. É uma construção feita para durar 200 a 300 anos, e o desgaste dos pilares e ataques dos cupins não serão capazes de destruir uma construção erguida conforme a técnica japonesa de carpintaria capaz de suportar terremotos e furacões. Vamos fazer os reparos em algumas peças de madeira e combater a proliferação de cupim”, afirmou com segurança. E reafirmou, uma vez mais, a importância de buscar manter as características originais japonesas dessas instalações.

Nakashima retornou ao Japão no dia 17 de março de 2013 e 60 dias depois chegava ao Bunkyo, via correio, uma embalagem contendo vários pedaços de madeira. Tratava-se das peças que pretendia substituir na próxima visita, em julho, quando viria acompanhado por um carpinteiro especializado.

Nesse meio tempo, o Bunkyo encaminhou correspondência à diretora do Departamento do Patrimônio Histórico da Secretaria Municipal de Cultura, Nádia Somekh, anexando o relatório de vistoria assinado por Norio Nakashima (com a devida tradução juramentada) e solicitando a aprovação da Conpresp para a realização das obras de manutenção.

Em seu relatório, afirma Nakashima, o conjunto “é formado por uma formosa construção em estilo sukiya para cerimônia do chá”, destacando que “é de grande significado que a construção tenha perdurado desde 1954, por 59 anos”.

O relatório de Nakashima continua: “a madeira utilizada, em sua totalidade de autêntico sugui (cedro japonês) trazido do Japão, e alguns componentes na estrutura do telhado, folhas de madeiras finas de fechamento e vergas sofreram infestação de cupins e algumas peças necessitam ser trocadas. Como os pilares e vigas estão firmes, é necessário se fazer o trabalho de descupinização e impedir nova infestação”.

Ressalta ainda que, “a estrutura construtiva do Pavilhão Japonês é firme, e embora sejam necessárias ações de troca de peças e combate à infestação de cupins, atesto que com relação à visitação pública não há nenhum risco estrutural no momento”.

Com o ofício da diretora do Conpresp, Nádia Somekh, documentando o parecer favorável, os serviços puderam ser executados.

Construção para durar mais 150 anos
No dia 17 de julho de 2013 desembarcavam com o diretor-presidente da Nakashima Komuten, Norio Nakashima, o carpinteiro-mestre Tomohiro Matsushita e o especialista em combate ao cupim Yasutaka Kannari. Os trabalhos levaram cerca de uma semana, em que a substituição das peças de madeira e o tratamento de combate aos cupins foram realizados num processo extremamente minucioso e calculado, como numa autêntica intervenção cirúrgica.

Paralelamente, sob a orientação do engenheiro civil Sadao Kayano, vice-presidente do Bunkyo e responsável pelas obras de reformas da sede da entidade, foram feitas as obras preliminares e complementares do Pavilhão.

No dia 1º de agosto, chegava do Japão o relatório de Nakashima atestando a “restauração dos pilares desgastados da edificação que abriga o espaço para Cerimônia de Chá, com substituição das partes inferiores afetadas”. E mais: “a restauração completa das partes de madeiramento avariadas e serviços de descupinização nos locais afetados”.

“Não se preocupem, não estaremos aqui para testemunhar o fim deste Pavilhão”, foi o diagnóstico de Norio Nakashima, e a garantia de que essa construção pode durar pelo menos mais 150 anos!

Encerradas as obras de manutenção, esse generoso guardião do Pavilhão Japonês avalia que a construção não corre nenhum risco estrutural como a princípio se desconfiou e atesta que “está em perfeitas condições para ser aberta à visitação pública”.

Na sequência, esses documentos foram encaminhados para o secretário municipal do Verde e Meio Ambiente, Ricardo Teixeira, por intermédio de José Alonso Júnior, vice-presidente da Comissão de Administração do Pavilhão Japonês e diretor do Parque do Ibirapuera, solicitando a reabertura do Pavilhão Japonês à visitação pública, decisão esta aprovada após despacho no último dia 10 de outubro.

Um projeto de revitalização
Encerradas as obras emergenciais de restauro, Leo Ota, presidente da Comissão de Administração do Pavilhão Japonês, destaca a importância da atuação de seus membros para dar prosseguimento ao projeto de Revitalização e Manutenção. Além da fundamental atuação dos vice-presidentes: Seiji Ito, Cristina Sagara e José Alonso Júnior, Ota citou a contribuição técnica propiciada pelo Prof. Dr. Paulo César Garcez Marins (docente dos cursos de pós-graduação da FAU-USP e de Museologia e diretor do Museu Paulista), arquiteta Lia Mayumi (diretora do Conpresp – Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo), arquiteto Rogério Bessa Gonçalves (superintendente de Espaço Físico da USP), Roberto Kunihiro Okinaka (artista plástico e um dos curadores do Museu Afro-Brasil), engenheiro químico Shin-Iti Fujimori (especialista em manejo de pragas urbanas), Emilie Sugai (assistente de eventos do Parque do Ibirapuera), Beatriz Yoshito (historiadora do Museu Afro-Brasileiro), Lumi Toyoda (professora de etiqueta japonesa), Shinichi Oki (engenheiro agrônomo da Universidade Agrícola de Tokyo) e Aurélio Nomura (vereador da Câmara Municipal de São Paulo).

“Considero que este seja o primeiro passo de um projeto de revitalização mais amplo, de iniciativa do Consulado Geral do Japão em São Paulo, proposto em 2005, que já foi devidamente aprovado pelos órgãos de preservação do patrimônio histórico”, acrescentou o presidente Ota. Uma das propostas desse projeto refere-se à constituição de um espaço paisagístico que integre o Pavilhão Japonês e o Memorial do Imigrante Japonês visando ampliar o acesso e usufruto desse local ao público em geral.

Este Projeto de Ampliação e Revitalização do Pavilhão Japonês foi formalizado por carta assinada por Kokei Uehara e Koichi Nakazawa, na época, respectivamente presidente do Bunkyo e Kenren, que foi endereçada a Jiro Maruhashi (consul geral adjunto), aos cuidados de Rina Sugimoto (vice-cônsul assuntos culturais); datada de 3 de agosto de 2005 (ano do cinquentenário do Bunkyo).

Serviço
Pavilhão Japonês
Local: Parque do Ibirapuera - portão 10 (próximo ao Planetário e ao Museu Afro Brasil)
Funcionamento: quarta-feira, sábado, domingo e feriados, das 10h às 12h e das 13h às 17h
Informações:
(11) 5081-7296 ou pavilhao@bunkyo.org.br
(11) 3208-1755 ou pavilhao2@bunkyo.org.br
Fonte: Bunkyo

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Irashaimasse

Seja bem vindo