sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Acordes orientais

Koto e shamisen, instrumentos tradicionais japoneses, ainda são pouco conhecidos no BrasilTaikô e bon odori são duas tradições musicais do arquipélago que já estão muito bem integradas à cultura brasileira, graças à ampla difusão dos festivais japoneses. No entanto, alguns instrumentos mais clássicos do Japão, como o koto (instrumento japonês de 13 cordas) e o shamisen (instrumento japonês de três cordas) ainda são pouco conhecidos e raramente praticados entre membros da comunidade japonesa do Brasil.
A longa história musical do Japão, com forte influência chinesa e dos estilos tradicional (hougaku), folclórico (minyou) e popular (kayoukyoku), foi marcada pela presença desses instrumentos, desenvolvidos junto às outras artes, como o teatro (kabuki e bunraku), a dança (odori) e a literatura.
No Brasil, são poucos os praticantes de koto e shamisen, mas dizem os professores que os que buscam aprender os instrumentos precisam ter um considerável nível de dedicação. No início, o koto é mais fácil para se tocar que o shamisen, que não tem as “marquinhas” de referência para as notas, mas ambos requerem a mesma prática que qualquer outro instrumento musical.

Obstáculos
A renomada professora de koto e shamisen, Tamie Kitahara, representante do Grupo Seiha do Brasil de Koto, explica que, possivelmente, um dos motivos pela baixa procura desses instrumentos seja a dificuldade de se apresentar em grandes festivais, onde o som dos equipamentos dificulta a boa transmissão dos acordes delicados do koto e do shamisen.
Outro obstáculo é o alto custo de um instrumento de boa qualidade. Apesar de existirem alguns fabricantes nacionais, a qualidade geralmente não é muito boa e os importados do Japão são caros. O preço de um desses instrumentos pode variar muito, no geral entre ¥ 50 mil (cerca de R$ 1mil) e ¥ 150 mil (aproximadamente R$ 3 mil), além do custo do frete.
A Associação Okinawa do Brasil, famosa pelo grupo de taikô, tem alguns instrumentalistas tocando o sanshin (shamisen okinawano) e koto. A tradição musical da província luta para se manter e se difundir no Brasil. O grupo de shamisen da Associação Cultural de Arujá, por sua vez, é composto de oito integrantes e se apresenta no 18º Expo Aflord de Arujá em agosto e setembro.
Já em Londrina (PR), o Grupo Jishin Shamidaiko tentou introduzir aulas de shamisen e koto para os interessados, mas a dificuldade de encontrar um professor fez com que o grupo “importasse” mensalmente a professora de São Paulo para dar aulas. Apesar da dificuldade, a iniciativa foi importante para o grupo que, de acordo com o presidente do grupo, Alexandre Higashi, precisa apreciar e manter a cultura dos instrumentos tradicionais japoneses. “Os instrumentos ainda são pouco conhecidos mesmo entre os mais antigos da comunidade,” explica.
Os interessados geralmente são descendentes de japoneses, mas muitos músicos brasileiros se interessam pelo koto ou o shamisen. Foi o caso de Fernando Neves, bacharel em violão erudito pela Unesp, que foi recentemente ao Japão para aperfeiçoar sua técnica de koto, após estudar com a professora Kitahara.
A professora explica que a sensação de tocar o koto no Brasil, para ela, é diferente, se comparada ao Japão, onde o instrumento é comumente usado na educação musical das crianças. Aqui, existe a necessidade de divulgar a tradição musical, portanto, a sensação de estar nessa “missão” torna a experiência ainda mais rica e gratificante.

Conheça os instrumentos
Koto
O koto, espécie de cítara japonesa composta de 13 cordas e uma caixa de ressonância, é originário da China e foi introduzido no Japão no século XI. Tem aproximadamente 180 centímetros de comprimento e é formado por duas pranchas de kiri (madeira tradicional do Japão). O belíssimo som do koto foi usado muitas vezes para representar os sons da natureza, como as gotas de chuva, o som do vento, ou de passarinhos. Atualmente, ele pode ser encontrado em cenários ecléticos do jazz ao clássico.

Shamisen
O shamisen é um instrumento semelhante ao banjo, com três cordas tocadas por um plectro (bachi) de marfim, madeira, plástico e carapaça de tartaruga e o “corpo”, parecido com um tambor, é coberto de pele de gato ou cachorro. Sua origem também é chinesa e sua introdução no arquipélago ocorreu em meados do século XVI, sendo, inicialmente, difundido em Okinawa, onde é conhecido como sanshin (três cordas).
Fonte: NippoBrasil e Fotos: Fabio Hide

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